Reconhecimento
Foro Trabalhista recebe o nome de Mozart Victor Russomano
Pelotense, que foi ministro do TST, completaria cem anos em 2022, com legado fortalecido pelos reconhecimentos recebidos
Carlos Queiroz -
Na tarde dsta terça-feira (27), um dos mais ilustres pelotenses foi homenageado emprestando seu nome ao Foro Trabalhista de Pelotas: Mozart Victor Russomano, que completaria cem anos em 2022, terá seu legado relembrado diariamente em uma instituição pela qual tanto zelou na destacada carreira. Jurista e magistrado, foi ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), órgão que presidiu entre 1974 e 1976.
A cerimônia foi repleta de homenagens, com discursos que relembraram histórias e seu legado. Para a neta, Gilda Russomano, o fato de seu nome ser tão memorável, mesmo 12 anos após o falecimento, mostra a importância do seu papel no mundo jurídico, não apenas local, mas com reconhecimento internacional. Porém, para ela, as memórias que ficam não são da figura renomada, mas do avô carinhoso. "Ele era um homem protetor, família. Eu tenho muito orgulho", afirma.
O conhecimento enciclopédico de Russomano ficou marcado em suas obras, ainda atuais, segundo o desembargador e presidente do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 4ª Região, Francisco Rossal de Araújo. "A Justiça do Trabalho tem, no Dr. Mozart Victor Russomano, uma de suas referências (...) é um professor, um jurista reconhecido mundialmente, respeitado por suas ideias", destaca, relembrando o conteúdo de sua obra e seu entendimento sobre justiça social. "A ideia de que distribuir a riqueza é tão importante quanto criar riqueza. Não se desenvolve um país sem justiça social. Basicamente, este é o conteúdo da obra do ministro Mozart, tanto no Direito do Trabalho, quanto no Direito Previdenciário."
O desembargador reconhece, ainda, que o trabalho do pelotense foi alçado aos clássicos do Direito, com suas ideias principais, eternizadas em seus livros. São obras de recorrente citação, pesquisa e interesse geral. Seu primo e juiz, Frederico Russomano, destaca o reconhecimento à pessoa e o legado que deixa para a família. "Ele era uma pessoa extremamente fina, educada, era muito fácil de conviver com ele", relembra, emocionado. Já a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) e o presidente da OAB em Pelotas, Victor Gastaud, mencionaram que o fato de uma figura da cidade ter deixado um legado tão importante, em nível internacional, merecia tamanho reconhecimento.
Mais sobre seu legado
Nascido em 5 de julho de 1922 em Pelotas, Mozart Victor Russomano formou-se em 1944, em Porto Alegre. Foi juiz-presidente da Junta de Conciliação e Julgamento de Pelotas entre 1945 e 1959, ano em que foi promovido para o TRT da 4ª Região, onde ficou até 1969. Foi presidente do Instituto Latino-Americano de Direito do Trabalho e Previdência Social, na Argentina, lecionou na Universidade Federal da Venezuela e possui o título Honoris Causa da Universidade de San Marcos de Lima, no Peru. Também deu aulas na Universidade de Trujillo, no Peru, Universidade de Passo Fundo e Faculdade de Direito em Curitiba. Possui diversas condecorações nacionais e internacionais, além de ter sido membro de sociedades, institutos e ter publicado diversos trabalhos.
Russomano ainda presidiu o Tribunal Administrativo da Organização dos Estados Americanos, em Washington, e foi ministro do Tribunal Superior do Trabalho a partir de 1969, corte da qual foi vice-presidente e presidente. Também foi corregedor-geral da Justiça do Trabalho e se aposentou em 1984.
Colunista do Diário Popular por muitos anos, Mozart Victor Russomano faleceu em 17 de outubro de 2010, na terra natal, local com que, apesar da atuação global, o ministro sempre manteve fortes raízes. O amigo pessoal, Clayton Rocha, discursou antes do descerramento da placa em sua homenagem e fez questão de o parafrasear: "Não me deixem no campo livre, não me deixem as rédeas soltas, porque no mesmo instante, eu estarei a galope trilhando a estrada de ouro que conduz à cidade de Pelotas."
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